Hoje quem vai indicar sou eu, Stella Pessoa.
Nessa madruga recheada de insônia acabei lendo e vendo muita coisa interessante.
Bom, algum tempo tenho a (péssima) mania de ver a "Sessão Brasil" toda segunda-feira. Por mais trash que isso seja, algumas segundas sempre me surpreende, como ontem, por exemplo.
Ontem a Globo, por um milagre celestial, passou um filme antigo e interessante: Leila Diniz.
Leila Diniz - 1987 100Min.
Direção: Luiz Carlos Lacerda
Elenco: Louise Cardoso, Paulo César Grande, Diogo Vilela, Marcos Palmeira, Carlos Alberto Riccelli, Marieta Severo, Tony Ramos, Antônio Fagundes, Yara Amaral, Rômulo Arantes, Otávio Augusto, Pedro Bial, Sérgio Cabral, Denis Carvalho Cavalcanti, Hugo Carvana, Chacrinha, Tarso de Castro, Mariana de Moraes, Danuza Leão, Oswaldo Loureiro
Sinopse: Filme que é a biografia da estrela lendária Leila Diniz (representada por Louise Cardoso), nascida em 1945, filha de um casal de comunistas (Tony Ramos e Marieta Severo). Leila foi criada para ser única e indefinível. Causou escândalo e polêmica (teve vários namorados), quebrou tabus (surgiu grávida na praia, declarou amor livre em plena Ditadura Militar) e brilhou como artista. Sempre provocando, foi diversas vezes presa pelo governo militar, que a considerava subversiva. Aos 26 anos, logo após ter tido uma filha, morreu num trágico acidente de avião quando voltava de um festival de cinema na Austrália, em 1972.
Filme que realmente me cativou. História realmente válida de conhecer. ;)
Bom, o filme acabou e meu sono não chegou. Entre copos de suco de maracujá e vontade de dormir sem conseguir resolvi ler um pouco.
Encontrei entre minhas tralhas um revista de quadrinho que nunca dei muita importância e resolvi dar uma chance pra ela.
Bom, e depois de devorar todas as 148 páginas de uma vez decidi indicar. Entre emoções do héroi mais conhecido e do vilão mais interessante me deparei com diálogos $%#@.
Como por exemplo esse:
''- O que é, problemas com grana ou com garotas?
- Sempre um ou outro, né? O coração ou a carteira.
- Em 99% das vezes.
- Então, que sorte a minha. Sou o 1%. Estou de posse de uma dor menos controlável. Um membro fantasma com uma coceira intolerável.
- Ah é? Onde?
- Poderia dizer que é a minha alma, se acreditar que ela existe e achar que sou bom o bastante pra ter uma.
- Existem comprimidos pra esse tipo de pensamento.
- Já tomei todos, querida. Muitas vezes num gole só."
Confesso que perdi o folêgo depois desse diálogo entre o Jack, antes de se tornar Coringa, e uma garçonete. Enfim, essa é só uma prévia dos diálogos que são apresentados na revista.
O Coringa é um dos vilões mais interessantes da história, todos querem diretamente ou indiretamente escrever sobre ele.
''Mas é difícil escrever sobre o Coringa.
Não porque ele é um personagem difícil de entender. Ele é fácil. Ele é insano. E por quase sessenta anos, escritores e desenhistas preencheram histórias atrás de histórias com literalmente milhares de exemplares dessa insanidade em ação.
O problema é que, ao longo dos anos, pessoas demais entenderam ''insano'' como sendo sinônimo de ''engraçado''. E ai, elas nos deram histórias do Coringa sendo ''engraçado''. Ele ri, aperta a flor na sua lapela, eletrocuta pessoas com o seu aperto de mão. Ah, ha, ha. Esse é o nosso Coringa.
E isso é legal.
Mas as melhores histórias do Palhaço do Crime, aquelas que colocamos em um altar, vêm de gente que entende que ''insano'' pode também significar ''assustador''. Insanidade não é só uma piadinha besta e um HAHAHAHAHA exagerado. Insanidade é loucura. Loucura é escuridão. E escuridão é com o Batman.
Foi o que Michael Green compreendeu em Amantes e Loucos. Percebe o título? Entendeu? Não ''louco'', mas ''loucoS''. Dois homens irados, assombrados, obcecados e talentosos em rota de colisão um com o outro. Isso não é só uma boa briga, é uma briga aterrorizante.
Dá pra ver em quase todas as páginas. Olhe para a cena com o Dr. Crane (que é um toque especial): Batman chama o Coringa de criminoso e Crane responde, ''não é um criminoso. Isso não é um crime. É maldade.'' Veja o plácido e assustador momento - interpretado tão macabramente pelo mestre Denys Cowan - no final do capítulo um, quando o Coringa diz que o Batman parece...ridículo. Ou quando ele pergunta à garotinha no circo quem ele deve jogar seu spray primeiro - um dos poucos assassinatos do Coringa que me incomodou de verdade depois de ler.
Aquilo é loucura. Está no âmago de ambos os personagens. Por isso ao examinarmos um, temos que examinar também o outro. Como o Coringa diz na história, ''devo tudo a você...não sabia o que fazer da minha vida até um homem vestir uma máscara e se chamar de morcego."
E é por isso que Michael Green é tão bom.
Claro, existem outras razões pra isso. Leia. Você vai entendê-las. Mas, no final das contas, você vai perceber a verdade que não pode ser ignorada: uma história verdadeiramente boa do Coringa não pode evitar explorar também o Batman. E é por isso que todo mundo que quer escrever sobre o Morcego também quer colocar as mãos no Palhaço do Crime."
Texto de Brad Meltzer que antecede o início da história e que me fez ler com mais vontade ainda.
Bom, confesso ter uma queda por vilões e heróis, principalmente quando o encontro deles é de tirar o fôlego. =)